Fortalecer a democracia exige confiança nas instituições
Publicado em 11 de janeiro de 2025 às 07:04
Os baixos índices de confiança em instituições essenciais como o Congresso Nacional e o Judiciário, aliadas à insatisfação com a qualidade da democracia no Brasil, têm acendido o alerta entre especialistas. Recentes pesquisas indicam que é preciso, urgentemente, enfrentar essa crise de confiança para preservar o regime democrático no país.
Com o pano de fundo de crises democráticas que não se restringem ao Brasil, a situação se torna ainda mais preocupante quando levamos em conta o apoio que uma parcela da população começa a demonstrar por regimes autoritários, especialmente em contextos de corrupção ou violência.
Memórias do 8 de Janeiro
Recordar os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 — quando bolsonaristas depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília — traz à tona a fragilidade das nossas instituições. Segundo a Polícia Federal, o episódio revelava tentativas de golpe que poderiam ter consequências drásticas, incluindo ameaças de morte ao presidente Lula e a outras figuras proeminentes. E, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro nega qualquer envolvimento, a sombra desse evento ainda pesa sobre a democracia brasileira.
Desconfiança e Insatisfação
Leonardo Avritzer, professor aposentado de ciência política na UFMG e coordenador do Instituto da Democracia, destaca que a merecida preocupação recai sobre a capacidade do Estado de elevar a qualidade do sistema político e a governabilidade. “As instituições precisam se fortalecer para evitar que a insatisfação se torne um fenômeno ainda mais alarmante”, enfatiza.
Segundo seus dados coletados, 46% dos entrevistados afirmam estar insatisfeitos com o funcionamento da democracia—um sinal de alerta que não pode ser ignorado. Apenas 36% disseram estar satisfeitos e 10% se declararam muito insatisfeitos. O descrédito em relação a instituições como o Supremo Tribunal Federal e o Congresso continua elevado, com 37,2% dos brasileiros declarando não confiar na Corte, um aumento em relação a 2018.
Caminhos a Serem Traçados
Fabíola Brigante Del Porto, pesquisadora da Unicamp, complementa esse cenário ao afirmar que, embora a população formalmente adira ao regime democrático, a insatisfação com sua aplicação prática é preocupante. “É hora de o Estado ouvir a população e melhorar a atuação das instituições”, ressalta.
Fernando Meireles, professor da Uerj, observa que essa realidade não é exclusiva do Brasil. O mundo tem visto uma ascensão de políticos contrários à democracia e questionadores das instituições, um fenômeno que exige atenção redobrada. “Nossa democracia, ainda jovem, precisa ser testada por tempos difíceis, e não está claro se as instituições estão preparadas para enfrentar ameaças à democracia”, conclui.
Em suma, o Brasil se encontra em uma encruzilhada. É preciso que tanto o governo quanto a sociedade civil conversem e trabalhem juntos para revitalizar a confiança nas instituições, garantindo que a democracia não apenas sobreviva, mas floresça em nosso país.