Falta de segurança é o principal problema em São Paulo, revela pesquisa
Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 19:41
Uma nova pesquisa da Rede Nossa São Paulo, divulgada nesta terça-feira (21), traz à tona um retrato preocupante da insegurança na capital paulista. Os números são expressivos: 74% dos entrevistados consideram a segurança o maior ou o segundo maior problema da cidade. Logo em seguida, aparecem a saúde com 36%, o transporte coletivo com 15%, e tanto a habitação quanto a educação com 12%.
Sobre a pesquisa
A pesquisa, intitulada Viver em São Paulo: Qualidade de Vida 2025, ouviu 700 moradores maiores de 16 anos, residentes na cidade há pelo menos dois anos. Conduzida em parceria com o Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), o estudo capturou a percepção dos habitantes sobre uma série de temas, incluindo bem-estar, confiança nas instituições e investimentos públicos. O trabalho de campo ocorreu em dezembro de 2024, com um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 4% pontos percentuais.
Qualidade de vida em queda?
Quando questionados sobre a qualidade de vida, os resultados mostram que 40% dos entrevistados acreditam que a situação se manteve estável nos últimos 12 meses. Por outro lado, 21% afirmaram que a qualidade de vida piorou um pouco e 7% indicaram que piorou muito. Apenas 20% acreditam que a situação melhorou um pouco e 11% consideraram que melhorou muito. Um dado alarmante: dois terços dos moradores, 65%, declararam que deixariam a cidade se tivessem essa oportunidade.
Desafios e incertezas
Jorge Abrahão, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo e do Instituto Cidades Sustentáveis, destaca a importância de entender os motivos pelos quais tantos cidadãos desejariam abandonar a maior cidade da América Latina. Segundo ele, apesar das oportunidades que São Paulo oferece, a balança pende mais para os problemas, como a segurança, saúde e transporte público. “As tensões parecem estar superando os prazeres”, explicou Abrahão, ressaltando que essa inversão de valores é um desafio para a gestão pública.
Falta de confiança nas instituições
A pesquisa ainda revelou uma correlação interessante: organizações não governamentais (ONGs), igrejas e associações de bairro foram citadas como as instituições que mais contribuem para a qualidade de vida das pessoas, enquanto a Prefeitura de São Paulo se posiciona apenas em quinto lugar. Boa parte da população critica a gestão municipal: 41% a classifica como ruim ou péssima, e 62% não demonstra interesse em se envolver na vida política local.
Só 4% dos entrevistados consideram a administração da prefeitura muito transparente, enquanto 86% apontaram a falta de transparência. Abrahão observa que a desconfiança em relação às instituições é alarmante e sugere que “os políticos precisam refletir sobre como suas ações impactam a população como um todo”.
Notas de confiança
Os dados não param por aí. Quando perguntados sobre a confiança nas instituições, as ONGs receberam a maior média, com 4,11, seguidas por empresários, ministros do Supremo Tribunal Federal e o presidente da República, com médias que não superam 3,59. Já deputados federais e senadores empataram em 2,76.
Em meio a esse cenário, a lembrança dos votos nas últimas eleições é outro indicativo de desinteresse. A pesquisa revelou que 55% das pessoas se lembram dos candidatos a vereador, mas muitos não se recordam de seus votos para os outros cargos.
Ao que tudo indica, São Paulo enfrenta um momento crucial que demandará uma reavaliação urgente das prioridades e ações por parte dos gestores públicos. A cidade que já foi vista como um mar de oportunidades agora é um reflexo de insegurança e desconfiança.