Expectativas para o Dólar com Possível Retorno de Trump
Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 19:58
O que esperar do dólar com a volta de Donald Trump à Casa Branca? Essa é a pergunta que fica no ar após os últimos acontecimentos que podem balançar a economia global. Economistas estão em polvorosa, e muitos deles já projetam um dólar robusto em 2025. De acordo com o boletim Focus do Banco Central, que compila previsões de várias instituições financeiras, a moeda americana deve encerrar o ano na casa dos R$ 6.
Essa cifra não é novidade para quem acompanhou os mercados nos últimos meses: o dólar ultrapassou a marca dos seis reais em novembro do ano passado, logo após as eleições nos Estados Unidos, e desde então, não perdeu força.
Expectativas em cima da política econômica de Trump
O que está por trás desse cenário? A expectativa em relação à política econômica que Donald Trump está preparando para seu segundo mandato é uma das principais respostas. Embora as medidas exatas que ele irá implementar ainda estejam por vir, as primeiras sinalizações já começam a moldar o futuro do câmbio.
Entre as promessas feitas durante a campanha, as tarifas sobre importações – especialmente os produtos provenientes da China – estão em destaque. Recentemente, Trump optou por uma abordagem mais cautelosa, iniciando com uma ampla revisão das políticas comerciais, em vez de implementar um bombardeio tarifário logo de cara. Um decreto foi assinado para que agências federais analisem as práticas comerciais desleais que possam estar em vigência.
Projeções e consequências
Os economistas já alertaram para as consequências de um possível tarifaço. Estudos da Universidade de Yale sugerem que a inflação nos EUA pode aumentar entre 1,4% a 5,1% com a aplicação de tarifas. E quando os preços sobem, o Federal Reserve (Banco Central americano) pode ser forçado a aumentar as taxas de juros para controlar a inflação, criando um ciclo que pode afetar a economia global, incluindo o Brasil.
Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA, é um dos críticos mais incisivos dessa estratégia. Ele prevê que, caso Trump cumpra suas promessas, a inflação pode ser ainda pior que a que o país enfrentou em 2021 durante a pandemia de COVID-19.
Impactos para o Brasil
E o Brasil? Aqui a história é um pouco mais complexa. Embora o país não tenha um acordo de livre comércio com os EUA, as ameaças de tarifas também pairam sobre nossas cabeças. Durante seu primeiro mandato, Trump já havia imposto tarifas sobre aço e alumínio que afetaram diretamente as importações brasileiras.
Os membros do Brics, entre eles o Brasil, também estão na mira, já que Trump deixou claro que pretende aplicar tarifas de até 100% caso esses países cogitem utilizar moedas alternativas ao dólar.
Como o dólar se comporta?
Vale lembrar que a cotação do dólar não é determinada apenas pela política monetária americana. Vários fatores, tanto internos quanto externos, influenciam essa balança. Por aqui, a >política fiscal do governo, com gastos públicos e outros indicadores econômicos, também tem seu peso.
À medida que as incertezas globais persistem, os economistas avaliam que o real tende a permanecer vulnerável. Em um recente relatório do Rabobank, os analistas Mauricio Une e Renan Alves ressaltam que o real brasileiro está, de fato, à mercê de fatores externos, e a oscilação do dólar é apenas o reflexo dessa montanha-russa.
Com a expectativa de um novo capítulo na política econômica americana sob a liderança de Trump, fica a pergunta: até onde o dólar irá? A resposta, por enquanto, é uma incógnita recheada de possibilidades.