Indústria Brasileira Solicita Ações do Governo para Evitar Retaliações dos EUA
Publicado em 15 de julho de 2025 às 21:24
A Reunião do Comitê Interministerial: O Recado dos Empresários
A primeira reunião do comitê interministerial do "tarifaço" se transformou em um verdadeiro balão de ensaio para a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O que ficou claro é que o setor industrial não está disposto a jogar na defensiva. Durante o encontro realizado nesta terça-feira (15), na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), os empresários brasileiros deixaram um recado enfático: retaliação aos Estados Unidos, nem pensar!
Comandada pelo vice-presidente e ministro do Mdic, Geraldo Alckmin, a reunião contou com a presença de representantes de diversas indústrias, incluindo o setor têxtil, de calçados, alumínio, aço, autopeças, madeira e maquinário. Não faltaram pesos pesados do governo, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o titular da Fazenda, Fernando Haddad.
A mensagem é clara: segundo o setor produtivo, qualquer tipo de contramedida pode ser a "pior saída" num clima político já conturbado. O governo, por sua vez, parece estar na mesma sintonia. Fontes próximas ao Palácio afirmam que o ministro Rui Costa reforçou que a abordagem será de serenidade, cautela e negociação.
Rui Costa também deixou claro que o governo não pretende fazer bravatas diplomáticas. A ideia é reposicionar o Brasil no cenário internacional de forma estratégica, à semelhança das ações de outros países. É um chamado à razão em vez da retórica belicosa.
Além disso, os empresários revelaram que, após o anúncio do presidente norte-americano, Donald Trump, a comunicação com seus compradores ficou mais difícil. No entanto, o setor privado se comprometeu a manter o diálogo com seus homologados do outro lado da fronteira.
Especialistas em direito internacional, consultados pelo Valor, concordam: cautela é o caminho a seguir. As incertezas sobre o impacto do tarifaço de 50% na economia brasileira, que entrará em vigor no dia 1º de agosto, continuam pairando no ar.
Assim, o governo e os setores produtivos assumem uma postura de intermediários em meio a uma tempestade política e econômica, confiantes de que a negociação e o diálogo podem trazer mais frutos do que a retaliação. Afinal, em tempos de crise, é preciso estar preparado para surfar nas ondas, e não se afogar em uma.